Ela tinha medo de que essa fosse só mais uma daquelas amizades que acabavam juntamente com as aulas de mais aquele ano escolar. Então ela olhou fundo naqueles olhos tão familiares e aconchegantes e perguntou:
- Promete que não vai me esquecer?
Nada jamais poderia fazê-la esquecer o que aconteceu a seguir.
Nenhuma outra atitude prometeria mais do que aquela que ele tomou.
Ela apenas observou enquanto aquele menino parou por um momento, olhando diretamente pra seus olhos. Depois de um curto momento que aparentava uma eternidade pra aquela desesperada menina, seu amigo pegou em sua mão, como fizera tantas vezes durante aquele ano, e a conduziu até um banquinho de madeira no pátio, que naquela manha estava vazio.
- Lembra o tanto de vezes que você me disse pra ter cordas reservas caso as minhas estourassem? – disse o menino soltando sua mão lentamente e se virando para pegar algo na capa de seu violão, que sempre carregava com ele.
- Claro. E você nunca me ouviu– disse ela rindo pro seu amigo, mas ainda sentindo um aperto no coração que crescia cada segundo que passava sem que ela recebesse a resposta do que havia lhe perguntado.
- Pois é, acredite ou não, eu te ouvi. Eu comprei. – ele falou mostrando um pacotinho de novas cordas pra violão. – Eu achei que você provavelmente estivesse certa.
- Eu sei que eu estava, eu sempre estou – a menina disse mostrando seu caráter brincalhão mais uma vez. Sem saber se era por isso ou outro motivo, essas respostas que a faziam rir tão timidamente.
-
Eu quero que você fique com essa. Ela é uma das cordas mais comuns de arrebentar e também pode ir no lugar de qualquer das outras que arrebentarem. – disse ele, colocando a corda já enrolada, no pulso de sua amiga.
Ela sem saber muito bem o que dizer, apenas perguntou –
Porque isso?
- Eu não sei explicar muito bem o que isso representa. Mas entenda que essa é a minha promessa de que nunca vou te abandonar, e minha garantia de que você nunca vai sair de perto de mim. Porque eu preciso dessa corda e eu, sem dúvidas,
preciso muito de você. – aquele menino disse, um tanto sem jeito, mas com tanta sinceridade quanto era possível.
Nada mais precisava ser dito então... era uma promessa.
Ela acreditava agora que eles não poderiam se separar, ela não sentia mais medo e sim uma certeza de que sem sombras de dúvidas, aquela amizade duraria.
Eles selaram aquela promessa com um forte abraço, se despediram e seguiram seus próprios caminhos, mas que de alguma forma,
sempre se encontrariam.